sexta-feira, 27 de julho de 2012

HOMENAGEM: A VIDA É CHEIA DE SURPRESAS


Antonio Luiz P. Sinfrônio
Ontem acordei e estava me arrumando para acertar algumas coisas rotineiras, quando me informaram que um aluno havia morrido. A causa da morte ainda um pouco desconhecida. Imediatamente me veio a mente seu rosto, um adolescente com aparência frágil, tinha uma vivacidade nos olhos e uma vontade de aprender que transbordavam os limites físicos do seu corpo magricela. Não se tinha ainda muitas informações. Mais tarde, saberíamos sobre velório, enterro e todas essas coisas as quais temos de participar de vez em quando (embora sempre preferíssemos que não fosse assim).
Ele era aluno do 7º ano (6ª série), vespertino. No primeiro dia como novo gestor do CEMMO, foi Fernando quem me fez a primeira visita; com um jeito bem simples sentou-se ao meu lado e perguntou-me o que eu estava fazendo ali e eu respondi: vou trabalhar aqui, vou tomar conta daqui, você me ajuda? Ele respondeu: sim! Mas você vai deixar a gente jogar bola na quadra? Eu já gosto de jogar bola!  - Sim, tranquilo, respondi.
Mas uma vez eu fui tomado de emoções e questionamentos sobre a vida e a morte, o sentido de tudo o que fazemos, e, sobretudo da atividade pedagógica, entendida não como transmissão de conteúdo, mas como fator de crescimento pessoal (não individual, no sentido moderno, mas de pessoa mesmo, inserida em um grupo ou sociedade).
Fui tomado por uma vontade incontrolável de escrever porque fiquei pensando sobre o papel da educação na formação do ser humano. Mais uma vez, como já vinha dizendo, não falo apenas de educação formal escolar; também dessa que é a fonte de inspiração de nossa vida e de nossa alma que é a palavra do Senhor!
Que a esse respeito nos diz em romanos 8.38-39: “Por que estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem os poderes, nem a altura, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Em João 11.25,26:” Declarou Jesus: eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá.  Crês tu isto?
Trabalhar em educação tem me permitido sonhar. Não sonhos individuais de ter coisas, mas sonhos de transformações coletivas. E fico feliz guando ouvimos depoimentos de alguns alunos que dizem: “minha vida mudou; eu pensava desse jeito, hoje não me penso mais, não sou mais o mesmo, tudo é diferente, raciocínio melhor agora.” A desconstrução de conceitos construídos erradamente vai sendo desfeito na proporção que eles veem obtendo o conhecimento e automaticamente amadurecem as suas ideias. Essas coisas, ao mesmo tempo que me enchem de alegria, por saber que também sou parte desse processo. Lembro-me da primeira vez que dei aula, o medo de “passar alguma informação errada”.
Que saudades daquele medo... Hoje, sinto-me corresponsável pelo crescimento destas pessoas, porque percebo que a dimensão do que estão aprendendo ultrapassa enormemente a mera questão do conteúdo das disciplinas. Aliás, arrisco-me a dizer que isso acaba sendo o menos importante neste processo. Eles estão se descobrindo seres pensantes, criativos, elevando suas autoestimas e acreditando o mais fundamental, permitindo-se sonhar e ter utopias. Quanto mais o tempo passa, mais um novo mundo vai se descortinado e mais os sinto ansiosos para seguir. Têm dúvidas, medo, angústias, sentem-se às vezes perdidos, mas continuavam acreditando que vale a pena.
Mas a imagem de Fernando volta á minha mente. O sonho finalizou. A esperança chegou. Aconteceu tudo, eu creio conforme a vontade do grande mestre. Senti a sua morte, não com tristeza (também um pouco), mas com alegria em ter a chance de lhe conhecer, como aluno, como amigo, como um jogador de bola na quadra do CEMMO, como um vendedor de sonho e acima de tudo como irmão em Cristo Jesus. Nunca me esquecerei de você, toda vez que entrar no CEMMO, verei a sua imagem sentado, bem tímido e me perguntando: “vais fazer o que aqui”?

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